A 21ª Semana da Imagem teve início na noite desta terça-feira, 07 de novembro, com a palestra “I am a communication artist: Nam June Paik e suas atualizações em artefatos da tecnocultura audiovisual contemporânea”, apresentada pela Dra. Aline Corso e mediada pelo Prof. Dr. Gustavo Fischer, onde a discussão girou em torno do conceito das audiovisualidades paikianas, desenvolvido pela pesquisadora durante sua tese de doutoramento. A mesa se deu no formato on-line e contou com transmissão simultânea através do canal do TCAv no YouTube.
Corso abriu sua apresentação falando a respeito da sua relação com o artista Nam June Paik e como o interesse no estudo de sua obra se relaciona com o tema da imagem na tecnocultura contemporânea, para logo em seguida apresentar a construção do problema que guiou a escrita de sua tese, baseada no intuito de perceber as atualizações das audiovisualidades paikianas, entendidas como uma qualidade audiovisual que é autenticada a partir da percepção das durações (éticas, estéticas e técnicas) na obra arte-midiática de Paik, em artefatos da tecnocultura audiovisual contemporânea.
A pesquisadora explanou sobre a artesania intelectual que moldou o arranjo metodológico de sua tese, tendo como base as tecnometodologias. Assim, as arqueocartografias se constroem num movimento de atravessamento entre o método cartográfico e a arqueologia das mídias, se valendo, portanto, do fluxo arqueocartográfico, que permite flanar, colecionar, escavar,dissecar, constelar, problematizar e ensaiar em torno dos materiais empíricos.
Parte da pesquisa foi construída em imersão na Coréia do Sul, período em que a Dra. Aline Corso teve a oportunidade de visitar o Nam June Paik Art Center, um museu dedicado à obra do artista e onde é possível ter uma experiência prática sobre o conceito de “Random Access” desenvolvido por Paik. Em particular, Aline destacou a biblioteca de arquitetura que promove uma justaposição de informações e assim estimula a produção de conhecimento, redefinindo os ambientes físicos e digitais ao reinterpretar o espaço tradicional de uma biblioteca.
Os movimentos exploratórios de pesquisa se deram a partir daquilo que Corso definiu como Giros Arqueocartográficos, primeiramente se concentrando no próprio artista e, em um segundo momento, nas audiovisualidades paikianas, ou seja, no rastro e na memória do artista encontrados em ambientes on-line. Assim, foi possível estabelecer as relações entre a obra do artista e as audiovisualidades que apresentam características paikianas e que se manifestam nas mídias on-line, de onde a pesquisadora montou um esquema de pranchas que deu origem a duas coleções distintas de imagens, que foram a base para construir as constelações finais do trabalho.
Dessa maneira, a pesquisa realizada por Corso revelou o que ela chamou de uma Galáxia de audiovisualidades paikianas, um espaço metafórico que, por sua vez, abriga quatro diferentes constelações.
A primeira delas, chamada de “Hanok”, que faz alusão a um tipo de moradia típica da Coréia do Sul, trata da questão da (de)regenerabilidade, diante dos problemas e desafios relacionados à preservação da artemídia. Em seguida, a constelação batizada de “Bibimbap” faz alusão a um prato típico da região, onde diversos tipos de alimento estão presentes ao mesmo tempo, usada para retratar as questões das experimentações, aleatoriedade e multiplicidade presentes na obra de Paik. A constelação “Newtro”, por sua vez, reflete a busca do novo em coisas antigas, reinterpretando o passado e, dessa forma, falando a respeito do da memória. Por fim, a constelação Ppalli Ppalli, que trata da velocidade e aceleração do mundo moderno, busca dar a ver a questão da percepção do tempo, fundamental para o artista e sua exploração sobre a videoarte.
Aline Corso concluiu sua apresentação reiterando o conceito das audiovisualidades paikianas e sua relação com a tecnocultura contemporânea enquanto atualizações das memórias das obras de Paik que estão em devir nos ambientes on-line e que carregam traços de nostalgia, experimentação e colaboração, provocando a pensar, entre outras coisas, sobre a exposição exacerbada de informações audiovisuais esquizofrênicas no cenário contemporâneo.
Após a explanação, a Dra. Aline Corso ainda respondeu a perguntas do público, de onde teve a oportunidade de falar sobre estar presente na Coréia do Sul, país de origem de Nam June Paik, durante o período de coleta dos materiais a serem estudados, proporcionando uma forma de perceber o artista e sua obra que não seria possível de outra maneira.
A 21ª Semana da Imagem segue até o dia 09 de novembro, sempre a partir das 19h30 com transmissão pelo canal do TCAV no YouTube.
Texto: Augusto Bozzetti
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