A Semana da Imagem encerrou mais uma edição na última quarta-feira, 10. O palestrante João Martins Ladeira compartilhou com o público o assunto de seu livro intitulado “Imitação do excesso: televisão, streaming e o Brasil“. João é doutor em Sociologia e possui graduação e mestrado em Comunicação. Vinculado ao Grupo de Pesquisa Audiovisualidades e Tecnocultura: Comunicação, Memória e Design, o pesquisador também é professor do Programa de Pós-Graduação e da Graduação da Unisinos.
Seu livro traz uma discussão sobre o audiovisual e a televisão. “O que é a televisão hoje?“, questionou o autor. Fazendo um paralelo com a evolução do equipamento, com o que conhecemos hoje, ele explica que a televisão possui fronteiras – tanto físicas quanto imateriais.
Sua fala foi acompanha de exemplos, como sites em que não temos acesso aqui no Brasil devido à nossa localização – fronteira física. Ao mesmo tempo demonstrou a globalização da televisão através da Netflix, que não pode ser acessada em poucos lugares, como a China – por questões físicas, também.
Vivemos assistindo televisão em aparelhos que estão todos conectados, ele explica. A Netflix, por exemplo, se aberta no notebook e posteriormente em um tablet ou smart tv, saberá exatamente o que e em qual ponto paramos de assistir.
Existe, de acordo com Ladeira, uma imensa circulação de imagens: sem fronteiras, nem barreiras. Por isso, vivemos em um mundo de excesso – de imagens. Essas imagens que estão sendo transpostas da televisão para a internet dependem de interfaces para serem dispostas. Ao comentar sobre isso, João exemplificou mostrando a imitação: a semelhança entre os diversos softwares e interfaces – a própria Netflix e o YouTube são parecidos.
O caso da Globo Play, também discutido pelo palestrante, demonstra a tentativa de uma produtora brasileira de entrar neste meio de televisão via internet. Porém, o aplicativo possui algumas diferenças com relação às plataformas já citadas.
Ele explica que, transformar o conteúdo de televisão, para conteúdo a ser acessado na internet, implica na compreensão dos fluxos e destas barreiras já comentadas. Fora do país existe um excesso deste tipo de disponibilização deste conteúdo. E aqui, no Brasil, temos esta “imitação do excesso“.
Outro exemplo discutido pelo autor, foi o caso Masterchef. Ele não é um programa local, mas sim, uma franquia que existe em diversos países e que fica adequada à lógica de cada local. Podem ser pensados como “montáveis e desmontáveis”, afirma. “Não vemos um programa brasileiro que é exportado”, comenta.
Para Ladeira, o que acontece atualmente é o mesmo que ocorreu no início do cinema. Produtores e estúdios menores, produzindo conteúdos mais curtos. Este espaço torna-se “cada vez mais profissional, global e burguês. Porém, o Brasil é pouco participativo”, ressalta.
A palestra será disponibilizada na íntegra. Você poderá conferir também como foi o debate realizado no momento das perguntas, e os exemplos trazidos pelo autor acessando o link clicando aqui.
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