Inauguramos, a partir de hoje, uma série de matérias sobre os egressos do TCAv – o objetivo é criar uma memória acerca dos membros e respectivas pesquisas que fazem parte da trajetória do grupo de pesquisa. Toda semana teremos um egresso convidado para falar sobre sua pesquisa, sua experiência no percurso no mestrado/doutorado e sua relação com o mercado, bem como a importância do feito para a sua formação e da área para a sociedade.
Iniciamos com Izabel Vissotto, publicitária, e que foi mestranda em Ciências da Comunicação no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da UNISINOS, na linha de pesquisa Mídias e Processos Audiovisuais, bolsista CAPES e integrante do TCAv entre os anos de 2014 e 2016, sob a orientação do Dr. João Martins Ladeira.
Sobre a dissertação
Sua dissertação, intitulada Webdocumentários: a emergência da montagem estético-narrativa, teve como propósito analisar a problematização que surge das imagens que não são apenas dispostas para serem vistas, mas também e, principalmente, para serem manuseadas. A pesquisa se propôs a analisar o que emerge das possibilidades de uso, enunciando como o webdocumentário Le Défi des Bâtisseurs está estruturado e o que decorre das montagens feitas pelo usuário, em um fluxo sistêmico, construído para que ele se relacione com a obra em diferentes ambientes e de diferentes maneiras.
Nessa visada, o legado cinematográfico se apresentou com preponderância, regendo as dinâmicas empregadas. Izabel utilizou como método o mapeamento cartográfico (KILPP, 2010) e, como ferramentas metodológicas, a figura do flâneur e do colecionador (BENJAMIN, 2006).
Através do mapeamento cartográfico, se construiu uma imagem dialética do audiovisual Le Défi des Bâtisseurs – uma imagem dialética de diferentes tempos que se estabelece a partir de um momento específico, não como uma imagem de fotografia que se possa mostrar, mas como um enunciado de uma imagem repleta de questões visíveis e invisíveis, de uma série de usos que se repetem e se diferenciam, através de órbitas de montagem que mudam de desenho com cada novo usuário.
O estudo incluiu movimentos teórico-metodológicos que recaem na figura de Deleuze (1985) sobre as escolas de montagem e os avatares das imagens-movimento, sustentado pelos complementos teóricos de Gumbrecht (2010) sobre a produção de presença e a experiência estética. Ao fim, os objetivos foram alcançados ao se evidenciar a emergência das montagens estético-narrativas.
A visão da pesquisadora
“O mestrado na Unisinos foi a experiência mais transformadora da minha vida. Hoje muito do que sou e o resultado do meu trabalho se deve a constelação de vivências junto ao grupo TCAv. Eu sou a diferença que eu esperava do mundo, e aprendi que posso atualizar as virtualidades deste universo da melhor forma, mesmo nos piores cenários. Os professores da Unisinos me ajudaram não apenas compartilhando seus conhecimentos e sabedorias, mas com solidariedade e hoje eu devolvo isso com muito amor por onde eu passo. Espero um dia nos vermos novamente quando chegar meu momento de fazer o doutorado, neste mundo que nos sonha e neste agora que nós sonhamos o mundo”.
O impacto social da pesquisa (para além do ambiente acadêmico)
Para Izabel, em meados de 2016, atravessada por tudo aquilo que as imagens nos afetam, “apertei o último parafuso que me ligava ao fim e início da minha pesquisa acadêmica, costumo chamar essa experiência de origem e aprendi isso lendo Benjamin (…) ao final da defesa meu orientador, João Marins Ladeira, disse com um sorriso largo, uma mescla de orgulho e alívio: ‘Izabel parabéns, sua dissertação Webdocumentários a emergência da montagem estético-narrativa está aprovada com 9,7!’”.
Izabel nos comenta que, ao retornar para sua cidade natal, em um período de eleições com uma disputa entre dois candidatos, onde um deles com menor visibilidade apresentava pífios 20% nas intenções de voto, “vi neste cenário uma grande oportunidade, criei toda uma estratégia de campanha utilizando técnicas metodológicas que aprendi no mestrado, tanto nas disciplinas do TCAv como nas demais.
Do cinema extrai a montagem que serviu como base de toda a campanha – principalmente o Cinema Ação de Deleuze, criei a persona do meu candidato explorando o conceito da produção de presença do Gumbrecht. Entrávamos em um estúdio onde performamos os roteiros, assim como um filme, eu criava o roteiro, fazia a captação das imagens e do som e depois montava. Os conteúdos de textos, programas de rádio e vídeos diversos seguiam as atualizações das metodologias do pensamento audiovisual. Com estas estratégias, dos pífios 20%, crescemos nas pesquisas e na reta final ganhamos as eleições.
Fiquei imensamente feliz em ter aplicado metodologias que funcionam maravilhosamente bem nestes contextos. Fui convidada para trabalhar na comunicação e depois fui promovida a secretária de Administração. Foi um desafio imenso, afinal sempre trabalhei no setor privado, iniciamos então uma revisão de políticas públicas, processos de desburocratização e modernização dos serviços prestados.
Criei um programa chamado “Sustentabilidade Caminho para o Crescimento”, que impacta diretamente a vida de todos os municípios e garante melhoria na saúde dos cofres públicos. Participei de congressos, painéis com parlamentares e procurei parceiros e recursos para viabilizar os projetos”.
Texto: Aline Corso e Camila de Ávila.
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