Os textos que compõem esta seção constituem uma investigação dos procedimentos técnico-metodológicos utilizados nas pesquisas de mestrado e de doutorado de integrantes e de egressos do Grupo TCAv.
Título do trabalho: Bon Appétit: Construção narrativa e visual da série Hannibal
Nível: Mestrado
Autor: Vanessa Ramos Furtado da Silva
Ano de defesa: 2018
Orientador: Dr. João Damasceno Martins Ladeira
Tags: construção cinematográfica, construção narrativa, Hanibbal.
Link da Tese: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/7035
“A grosseria é uma epidemia.” A frase de Hannibal Lecter, na série homônima que inspirou a pesquisa de mestrado de Vanessa Ramos Furtado da Silva, cabe bem à atualidade e também aos motivos que a levaram a se questionar como o espectador pode simpatizar com um serial killer.
O estudo Bon Appétit: Construção narrativa e visual da série Hannibal analisou o enredo, arcos e cenários dessa história que conta como era a vida da personagem antes do clássico Silêncio dos Inocentes, imortalizado por Anthony Hopkins.
“Eu sempre gostei muito de me perguntar como nos encantamos com séries (e filmes) tão pesados e que tratam de temas tão repugnantes – aí entramos naquela discussão de que os amantes do horror curtem essa sensação de ‘quase morte’ diante de uma tela. Temos toda a adrenalina, mas nada nos acontece. Porém, me incomodava saber como essa construção era feita de modo a atingir tão bem este objetivo”, diz Vanessa.
Para tal, a pesquisa passou por aspectos que vão desde o processo criativo com Brett Martin, questões narrativas com Mittell e de gêneros com Carroll, Wood e Todorov. Compreendendo, também, a forma do crime trocado utilizado por Hitchcock a partir de Chabrol e Rhomer e Truffaut, da qual a série se apropria, bem como pela forma sinestésica do cinema com Eisenstein, Deleuze e Aumont, até o estilo utilizado no período do expressionismo alemão, com Lotte Eisner e Kracauer, que deixou alguma herança nesse objeto.
A análise foi dividida em três vias:
1 – Crimes aleatórios e suas construções estéticas visuais e cinematográficas;
2 – Narrativa e a análise dos arcos que culminam em um crime trocado;
3 – Análise do Hannibal design, em que analisou como a série constrói sua metodologia assassina durante os episódios, de forma desconexa e cuidadosa.
Em termos de design, nas palavras da autora, há cenas em que ocorre a “estetização do horror, que é atrelada às cenas de crime e também à gastronomia – visto que ele também é um canibal. Dr. Lecter é, a nosso ver, um assassino artista: que vê em seus atos abomináveis uma beleza de obra de arte.
Seja no consultório de Hannibal (renomado psiquiatra forense e ex-cirurgião) ou em cenas gastronômicas, o jogo de luz e penumbra é sempre associado aos tons de preto e vermelho, remetendo ao sangue e à morte.
Pela ótica narrativa são observadas referências do cinema alemão expressionista e do legado de Alfred Hitchcok. Também são destacadas das composições de cenas, como a justaposição de objetos e figurinos, bem como os recursos de montagens (EISENSTEIN,2002).
Ao final, a pesquisa ressalta o fato de Hannibal ser um tipo de série que entrou para o circuito audiovisual dos últimos anos, considerando sua afetação pelo âmbito tecnocultural e pela narrativa complexa e metarreflexiva (MITTELL, 2012) que apresenta.
Texto: Priscila Boeira
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