•Os textos que compõem esta seção constituem uma investigação dos procedimentos técnico-metodológicos utilizados nas pesquisas de mestrado e de doutorado de integrantes e de egressos do Grupo TCAv.
Título do trabalho: Mídia Regional: gauchidade e formato televisual no Galpão Crioulo
Nível: Doutorado
Autor: Flavi Ferreira Lisboa Filho
Orientadora: Dra. Nísia Martins do Rosário
Ano de defesa: 2009
Link da dissertação: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/2519
Flavi Lisboa Filho é professor da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM – docente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, do Programa de Pós-Graduação Profissional em Patrimônio Cultural e do Departamento de Ciências da Comunicação. Hoje, é Pró-reitor de Extensão da UFSM e tem sua pesquisa vinculada a temas de produção e estudos culturais.
A tese apresenta interessantes movimentos, que perpassam a extinção da linha de pesquisa Processos de Significação, onde originalmente havia sido proposta, e a migração para a linha de pesquisa Mídias e Processos Audiovisuais. A pesquisa busca a construção de sentidos de uma gauchidade midiática, que se evidencia não só na tradição cultural, mas no atravessamento da técnica, formatos e discursos. A análise recaiu, principalmente, sobre o programa televisivo Galpão Crioulo e seus desdobramentos.
Este texto, traz como peculiaridade o olhar sobre movimentos tecnometodológicos marcados pelas condições e técnicas próprias do momento de sua produção. Por exemplo, o registro do material analisado se deu em fitas VHS, cuja reprodução se dá em videocassetes, cuja utilização é mediada pelo controle remoto.
O autor dedica uma seção exclusiva para tratar do que chama de “procedimento de análise”, nela discorre sobre o movimento realizado para a análise. Oito edições do Galpão Crioulo – escolhidas a partir de critérios extraídos de análise prévia de possíveis objetos de pesquisa – foram registradas em VHS. Posteriormente, esse material passou por um processo de decupagem, que foi otimizado a partir da construção de mapas de relevância dos conteúdos e questões principais de cada edição, já que a decupagem pormenorizada de cada episódio seria demasiadamente longa e não traria resultados satisfatórios.
Consideramos a importância de assistir, primeiramente, cada edição inteira, no seu fluxo normal, para depois registrarmos as marcas que se destacaram, ou, então, produzir esses registros durante o intervalo comercial, com vistas de experimentar a forma que o telespectador “comum” do programa pode apreender com o que vê e ouve.
Por outro lado, foi necessário assistir às gravações mais vezes, usando o botão pausa e retrocesso do videocassete para que os elementos da gauchidade fossem captados e o mapa ficasse o mais completo possível. Assim, num segundo momento as gravações foram novamente assistidas e as cenas relevantes reprisadas para novo exame. Entendemos também que, cada vez que o programa é assistido novamente, as percepções do pesquisador podem ser diferentes, visualizando novos dados ou eliminando alguns elementos que antes foram considerados significativos. As repetições das gravações e o uso do pause podem também gerar confirmações sobre o que foi observado, aprofundando aspectos relevantes. Assim, esses mapas buscaram registrar percepções do pesquisador sobre o programa, considerando o seu formato, suas características e suas intencionalidade, a partir de categorias específicas.
O autor destaca que o movimento investigativo tem um objetivo principal, coletar dados e informações suficientes para poder empregar ferramentas da análise textual, mas que também permite observar outros contextos de emissão do programa, necessários à compreensão dos diversos aspectos que concorrem a experiência daquele conteúdo.
Outro ponto que merece destaque, é a construção da gauchidade que se dá no entrelace de questões imagéticas históricas, recortes matérias e anúncios de jornal impresso, análise de páginas na internet.
O trabalho de Flavi é muito interessante por diversas questões e, dentro da proposta de abordagem tecnometodológica, aponta para a necessidade de buscarmos soluções adequadas ao nosso objeto e que, mesmo que não seja nosso objetivo, trarão um recorte acerca dos meios e técnicas possíveis do momento de sua construção, fazendo parte de uma espécie de “arqueologia das tecnometodologias”.
TEXTO: Lucas Mello Ness
REVISÃO: Carlos Vargas
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