•Os textos que compõem esta seção constituem uma investigação dos procedimentos técnico-metodológicos utilizados nas pesquisas de mestrado e de doutorado de integrantes e de egressos do Grupo TCAv.
Título do trabalho: imagens do anonimato em plataformas digitais
Nível: Doutorado
Autor: Rafael Tourinho Raymundo
Orientador: Dr. Gustavo Daudt Fischer
Ano de defesa: 2021
Link da dissertação: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/10042
Graduado em Comunicação Social – Habilitação: Jornalismo pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Rafael Raymundo é mestre e doutor em Ciências da Comunicação pela mesma instituição, na linha de pesquisa Mídias e Processos Audiovisuais. Trabalha com jornalismo corporativo e produção de conteúdo para mídias digitais, tendo colaborado com diversas organizações regionais e nacionais. Sua trajetória acadêmica contempla fenômenos relacionados a tecnocultura, redes sociais, jornalismo digital e metodologias de pesquisa. É egresso do grupo de pesquisa Processos Comunicacionais: epistemologia, midiatização, mediações e recepção (PROCESSOCOM), no qual esteve envolvido, principalmente, durante os períodos de iniciação científica e mestrado. Também atua como colunista no site da Rádio Taquara.
Na sua tese de doutorado, desenvolvida junto a linha de Mídias e Processos Audiovisuais no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (UNISINOS), Rafael busca compreender características do anonimato, enquanto fenômeno tecnocultural, nas plataformas digitais. Para desenvolver a tese, o autor selecionou como materialidade um recorte de plataformas de interface anônima.
O trabalho apresenta o viés tecnometodológico a partir da exploração das materialidades visto que mescla movimentos com aplicação de questionário, escavação de aplicativos e posterior dissecação de imagens “do anonimato”. De acordo com o autor “isso permitiu a coleta de material para dissecação, de forma a entender como as imagens do anonimato se atualizam num contexto tecnocultural de sociedade softwarizada, em que passado e presente coalescem e os aparatos técnicos funcionam como mediadores do mundo imaginado”.
O primeiro eixo de observação tecnometodológico foi o processo de coletar imagens/interfaces para compor o corpus, a partir do movimento do flâneur e avaliar quais seriam as imagens que teriam potência para a análise. Nesse sentido, o agir arqueológico, inspirado em Fischer (2015) foi essencial para dar seguimento ao processo por escavação dessas interfaces. Rafael buscou por interfaces “fora do fluxo”, mas olhar aplicativos abandonados, descontinuados e aparentemente “mortos” na web. O autor recolheu fragmentos digitais de aplicativos de interface anônima e criou posteriormente coleções de imagens de seis plataformas, sendo elas: Sarahah, Yik Yak, Wut, Whisper, Candid e o Popcorn Messaging.
A etapa seguinte do procedimento foi dissecar essas coleções, “para dar a ver o que denomino por imagens do anonimato, a saber elementos do anonimato que duram na interface imaginada do software” (p. 103). Ao dissecar, o autor definiu três constelações a partir de afinidades encontradas entre as imagens: aspectos de visualidades (imagens de expressão visual; imagem da simplicidade estática), aspectos de funcionalidades (imagens dos nicknames, imagem dos assuntos quentes, imagem da adivinhação, imagem dos níveis de intimidade, imagem da validação pessoal) e aspectos de heterotopias sotwarizadas (imagem do anonimato geolocalizado, imagem do controle do software, imagem da repetição, imagem da heterotopia).
Portanto, para responder ao questionamento da pesquisa, que buscava compreender características do anonimato, enquanto fenômeno tecnocultural, nas plataformas digitais, Rafael utilizou um arranjo metodológico que recorre a movimentos com forte inspiração arqueológica, mas também cartográfica, mapeando as manifestações e agrupando em coleções tais iniciativas, que posteriormente formaram as constelações. Além disso, o autor buscou inferir as especificidades tecnoculturais dos ambientes tidos como anônimos, para sintetizar possibilidades de atualização de seu virtual, o anonimato.
Como inferências do trabalho, foram identificados traços como a confissão de segredos, a troca de afetos, o amortecimento moral, a zombaria e a ofensa, todos possibilitados pela organização de elementos interativos e visuais do território digital.
Veja a tese para compreender de maneira aprofundada a exploração do objeto pelo autor!
Texto: Roberta Krause
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