Animação Espacial e o Movimento nas Imagens da Tecnocultura Contemporânea

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Na última sexta-feira, dia 28 de outubro, às 14h aconteceu a banca de qualificação de tese do doutorando da linha de pesquisa mídias e processos audiovisuais, o discente Augusto Ramos Bozzetti. A banca aconteceu de forma remota e foi composta pelos avaliadores Prof. Dr. Roberto Tietzmann (PUCRS)e Prof. Dr. Tiago Ricciardi Correa Lopes (UNISINOS), além da presença do orientador Prof. Dr. Gustavo Daudt Fischer (UNISINOS).

A apresentação da pesquisa de Bozzetti, intitulada como “Animação Espacial e o Movimento nas Imagens da Tecnocultura Contemporânea”, teve início com um agradecimento a Profa. Dra. Sonia Montano La Cruz pela orientação no início da pesquisa. Após, foi apresentada o conceito de Epstemologia da Animação, a fim de problematizar a animação em si e a coloca no centro de um pensamento crítico sobre o audiovisual, tirando a animação de sua posição hegemônica, ligada ao cinema de animação e aproximando do objeto de pesquisa, o Movimento das Imagens.

Augusto trouxe alguns exemplos de objetos como o Jogo para celulares, Snake e um videogame portátil reproduzindo tetris, também apresentou o caso do mosaico animado por pessoas introduzido nas olimpíadas de Moscou em 1980 com o personagem Misha. O discente expôs a perspectiva da animação espacial em objetos não reconhecidos como audiovisuais, os relacionando na perspectiva de mudança X movimento, como por exemplo objetos do cotidiano, como semáforos, faróis e setas de automóveis. O Relógio de ponteiro também foi utilizado como exemplo de animação espacial, fazendo relação com paradigma X sintagma de Lev Manovich (2001).

Partiu-se então para a apresentação do problema de pesquisa, materializado a partir do estado da arte e da invenção do objeto a partir do método intuitivo de Deleuze e Bergson e o emprego do objeto misto, composto por virtual e atual. A partir destes, Augusto apresenta seu questionamento central, “Como a animação espacial se atualiza nas mídias audiovisuais da tecnocultura contemporânea?”, e após foram trazidos os objetivos gerais e específicos norteadores da pesquisa.

A partir destes objetivos, Bozzetti inicia seu mergulho no cerne do trabalho através da contextualização da animação temporal à espacial.  Para o discente, a animação temporal está relacionada ao antes, o agora e o depois, onde é possível manipular o tempo através de time-lapse, slow-motion, pausas e ou reversões. Sendo imagens diferentes e não-modulares, exibidas uma após a outra, de forma a cada frame ser um módulo da animação. Já na Animação Espacial, para Augusto, a imagem é única e fragmentada e o pixel seria o módulo da animação.

O próximo ponto abordado foi a constituição da Tecnometodologia desenvolvida para o trabalho. Em linha com a perspectiva do grupo TCAv, a pesquisa de Augusto busca o Agir Laboratorial, a observação através de aparatos técnicos e a utilização dos softwares e hardwares disponíveis. Para os aportes teóricos, Bozzetti traz os conceitos de Arqueologia das mídias (Zielinski, 2011/Telles, 2017), Teoria do presente (Manovich, 2001), Cartografias (Canevacci, 1997), Constelações (Molder, 2010/ Benjamin 1997), Escavação (Fischer, 2015), Dissecação (Kilpp, 2010) e Matching (Bozzetti, 2019).

A forma para operacionalizar essa metodologia se deu na constituição de um “Diário de Whatsapp”, em que o discente utiliza a plataforma de mensagens instantâneas para otimizar e organizar materiais empíricos e coletar objetos de mídia, compondo um corpus heterogêneo.

Augusto também apresentou alguns de seus processos para a composição do agir metodológico do trabalho, dentre eles, as coleções encontradas no trabalho bem como um exemplo de escavação vindo da plataforma Instagram que levou o olhar do discente para uma técnica de animação do século IX chamada Barrier Grid.

Bozzetti volta a atenção para a questão das coleções, especificamente na coleção aplicativos e apresenta a formulação de usuário animador a partir dos conceitos de maquinismo/humanismo (Dubois, 2006) e sujeito produtor (Benjamin, 1986) para tensionar a posição do produtor e espectador de conteúdo, propondo assim uma ambiência que problematiza a relação sujeito/máquina.

Para observar este caso, foram selecionados diversos aplicativos, dentre eles WhatsApp, Instagram, Facebook e TikTok, onde se encontraram os movimentos de Scroll, Swipe, Pinça e Rotação. Por último, foi apresentado o caso do aplicativo de navegação Waze, onde a ação na tela se dá a partir da triangulação da posição do smartphone dentro do carro em movimento.

Bozzetti apresentou os próximos passos para sua pesquisa, que consistirão em aprofundar a as relações entre mudança X movimento (Beckman, 2014) e paradigma X sintagma (Manovich, 2001). Augusto também pretende inserir um capítulo dedicado a chamada imagem botão, referente a relação entre hardware e software quando os comandos passam a ser feitos exclusivamente em telas.

No encaminhamento para a banca, os comentários de ambos os avaliadores se dirigiram para parabenizar pela curiosidade pelo direcionamento dado ao trabalho. Também foram feitos comentários a respeito de possibilidades de enquadramentos que podem ser abordados e sugestões de aprofundamentos em temas latentes. Por fim, a banca avaliadora se manifestou pela aprovação do trabalho, qualificando então a tese para continuar no seu desenvolvimento.

Texto: Gabriel Palma.

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