ANTIFACE/ROSTO IMAGINÁRIO: Fabulações nas imagens geradas por software

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A tese “Antiface/Rosto imaginário: Fabulações nas imagens geradas por software” foi defendida no dia 28 de junho de 2021, às 14h, em modalidade online, pela agora doutora Clarissa Rita Daneluz. A banca foi composta pelos professores Dr. Eduardo Ferreira Veras (UFRGS), Dr. Marcelo Bergamin Conter (IFRS), Dra. Ana Paula da Rosa (UNISINOS), Dr. Gustavo Daudt Fischer (UNISINOS) e Dra. Suzana Kilpp (Orientadora).

Considerado a parte mais exposta do corpo humano, o rosto se tornou um convite à fabulação, à imaginação e à ficcionalização, principalmente através de imagens geradas por softwares. A pesquisa parte do interesse de Clarissa pelo rosto humano enquanto imagem, tela e território de conflito, especialmente no contexto de uma cultura midiática, audiovisual e tecnocultural. Neste sentido, a tese destaca dois casos em que a potência de fabulação e de variação da face se atualiza nos dispositivos midiáticos. São eles: retratos de pessoas imaginárias e estratégias antiface.

O trabalho tem como base o pensamento de alguns autores caros da Comunicação e das Artes Visuais, entre Walter Benjamin, Henri Bergson e Aby Warburg, principal eixo teórico, além de perpassar teorias de Georges Didi-Huberman, Giorgio Agamben e Vilém Flusser. Em sua escrita, Clarissa propõe ainda atualizar alguns conceitos, como duração coleção, mapas, intuição e montagens de imagens, propondo descrições e diálogos com as audiovisualidades e a tecnocultura.

Sobre a pesquisa

A estrutura do trabalho configura, em um primeiro momento, o que é um rosto; na sequência, apresenta o entendimento de mnemosyne, atlas fabulatórios e constelações; e avança ao percorrer algumas camadas de estéticas da representação facial. Ou seja, aplicativos nos quais se introduz um rosto para ser transformado em imagem, sendo muitas vezes modificado a partir de filtros.

É de interesse da pesquisadora todo o caminho que vai desde as anaformoses até as falhas do processo. Os deslizes nas traduções dos dispositivos demonstram que a tecnologia não está totalmente treinada para corresponder à expectativa do usuário. Mesmo sendo considerados supostos erros, os mesmos se enquadram também como movimentos fabulatórios, inclusive dotados de potência.

Para tentar pensar nesse rosto atualizado, Clarissa realizou montagens a partir da coleta de imagens, dando origem a narrativas como forma de resistência e desterritorialização, além da criação do termo “rosto imagem rosto”, que reúne o rosto contra a pedra, o rosto fabulado e o rosto constelado pela tecnologia. Suas montagens de rostos imaginários e de antiface são consideradas complementares. A pesquisadora define que a fabulação, o jogo/brinquedo, o desejo mimético e a inoperância reúnem o poder desse território tão nu do corpo humano.

A banca

A banca avaliadora elogiou a capacidade inventiva da redação da tese, dotada de uma escrita ensaísta, em diálogo com o leitor e de constantes flertes com a literatura. Também foi destacada a articulação bem-sucedida entre os três principais teóricos utilizados. De acordo com o professor Gustavo Fischer, tal parte é uma generosa contribuição para o grupo de pesquisa TCAV (Audiovisualidades e Tecnocultura: Comunicação, Memória e Design), ao qual a pesquisa está integrada.

O texto provocativo adota um espírito montador e desmontador, assumindo riscos em sua estrutura, principalmente quando traz para o início da tese sua metodologia. O trabalho ainda foi considerado ousado, experimental, intrigante e, no melhor dos sentidos, esquisito. Sem uma conclusão definitiva, permanece com questões em aberto para futuro desenvolvimento científico. A falta de um fechamento corresponde, segundo a pesquisadora, ao seu entendimento dos autores e, também, da realidade. “Como fechar um trabalho que, assim como as imagens, está em fluxo?”, comentou Clarissa.

Texto: Max Cirne

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