Na terça-feira, 25 de abril de 2023, às 14h, ocorreu a banca de defesa da dissertação de mestrado da discente Priscila Boeira, intitulada “Audiovisualização da Serra Gaúcha no Reels do Instagram”. A banca ocorreu no formato online e foi composta pelos professores Dr. Júlio Cézar Colbeich Trajano (UCS), Dr. Gustavo Daudt Fischer (UNISINOS), Dr. João Ricardo Bittencourt (Orientador).
Em sua pesquisa, Priscila propõe uma investigação acerca das imagens que se apresentam sucessivamente em formato de vídeo no modo reels do Instagram. Tais imagens geram um conteúdo que atualiza um construto de Serra Gaúcha, fazendo uso da memória através de elementos que estão presentes em outras mídias e, também, que estão atrelados à memória das pessoas que criam e consomem esses conteúdos.
A pesquisadora articula seu estudo com os conceitos de tempo e memória (Henri Bergson), imagem dialética e rastro (Walter Benjamin), banco de dados (Lev Manovich). Assim, o foco principal se encontra na análise da memória e da imagem dialética que está presente nos vídeos, mas também considerando seus enquadramentos, interfaces, algoritmos e o próprio software.
O arranjo metodológico de sua pesquisa parte inicialmente do método intuitivo bergsoniano (sistematizado por Deleuze) e de seus movimentos a partir do flâneur, levando à criação de um perfil no Instagram para flanar por este terreno. Já dentro da plataforma: realizaram-se pesquisas a partir de hashtags selecionadas, gravação da tela, produzia capturas (prints/recortes) das cenas para observar, colecionando o que era Serra Gaúcha e o que era Europa – buscando similaridades e/ou diferenças nas construções imagéticas desses vídeos.
A partir dessas coleções de imagens, são elaboradas as seguintes constelações: ‘Culto às Raízes Europeias e Gaúchas’; ‘Mimetizações Culturais’; ‘Mimetização de Frio e Neve’; e ‘As diferenciações’. Tendo encontrado um vídeo para cada uma dessas constelações, a pesquisadora realiza, então, a dissecação e ressignificação dessas imagens através das camadas ‘Software’, ‘Audiovisualidades’ e ‘Produção de Sentidos’.
Em suas considerações finais, Priscila aponta que vivemos em uma “realidade formatada por imagens técnicas que retroalimentam o sistema”. Ou seja, temos aqui a técnica permitindo dar forma a cultura, produzindo rastros para que sua história se perpetue. Ao se tratar da Serra Gaúcha, esta se mostra “no ritmo que a memória vira matéria-prima” para a produção dessas imagens técnicas e que são potencializadas através do software, onde o resultado é a produção de vídeos com resquícios de memória cinematográfica e televisiva. Portanto, as imagens não apenas capturam o olhar ou informam, mas são também armazenadas no subconsciente e se tornam fonte de produção de novas imagens, atualizando os significados.
Para Priscila, o ecossistema do reels do Instagram “reúne um vasto arsenal de imagens técnicas que seguem se multiplicando, seja pela inserção de novos vídeos ou pelo remix”, pois a partir do momento em que essas imagens estão autorizadas pelo autor (publicadas), elas podem ser (re)utilizadas para criar novas referências (novas imagens) – uma forma de atualizar o conceito de banco de dados (Manovich).
Avaliação
Dentre os apontamentos por parte da banca avaliadora, para o professor Júlio, o trabalho se mostra com uma grande importância para a área da publicidade, especialmente pela reorganização das imagens e a forma como ela é feita: elas se prestam, também, a um papel publicitário a partir do uso das hashtags, onde a partir do momento de seu uso o algoritmo entende o que estamos buscando. Ainda para o professor, esta talvez seja uma das formas mais “rápidas” de mensurar o comportamento humano acerca do que estamos vendo. Já o professor Gustavo destacou a importância da descrição feita pela discente acerca do seu movimento mais operacional e a criação dos mosaicos imagéticos. Assim, sugeriu pensar em uma forma de apresentar esses mosaicos de forma que possam ser lidos, como uma espécie de fascículo ou um anexo que permita ser apresentado em um formato maior, permitindo que possam ser utilizados como referência para outros trabalhos.
Texto: Camila de Ávila
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