Já está no ar a nova edição da revista Fronteiras – Estudos Midiáticos, do PPG em Comunicação da UNISINOS, com a primeira parte do dossiê “Mídias e Processos Audiovisuais na tecnocultura algorítmica: imagens em dispersão e convergência”, editado por Peter Krapp (University of California, Irvine) e Gustavo Fischer (UNISINOS), e parte integrante do projeto PRINT/CAPES, “Transformação Digital e Humanidades”.
O dossiê volta sua atenção para a forma como as mídias audiovisuais contemporâneas se movimentam por processos de dispersão e convergência cada vez mais tensionados pela (in)visbilidade algorítmica, produzindo uma ambiência tecnocultural própria e ao mesmo tempo recicladora e regurgitadora de linguagens, formatos e técnicas, transitando e transmutando-se por dispositivos e softwares, colapsando temporalidades. Assim, a proposta é de reunir estudos que colaborem na compreensão tanto das mudanças ambientais quanto tecnoestéticas que incidem sobre os regimes de audiovisibilidade e que levam ao esquecimento e/ou resgate de meios e máquinas, em audiovisualidades contemporâneas – do cinema, da TV, dos games, das fotografias, das plataformas na internet, das redes sociais, dos vídeos, entre outros.
No artigo que abre o dossiê, Peter Krapp e Gustavo Fischer traçam um panorama muito interessante a respeito da atual ambiência tecnocultural presente na cultura digital, onde a distribuição digital de arquivos de filmes, textos, músicas, etc., tem múltiplas consequências em relação ao que é disponibilizado e da forma como criadores, distribuidores e consumidores passam a se comportar nesse novo arranjo de circulação de conteúdos. A discussão gira em torno da questão da pirataria e dos direitos autorais, da oferta de materiais diversos com diferentes interesses (econômicos, artísticos, comunicacionais) e como isso tem colocado players corporativos em choque com os usuários individuais. Krapp e Fischer, então, especulam sobre dois cenários que tendem a construir os hábitos de distribuição e consumo de mídias na cultura digital, onde, de um lado haveria uma tendência à repetição de práticas corporativas offline de inibição de comercialização ou disponibilização de conteúdos sem autorização legal, cujo repertório audiovisual de cada plataforma seria o seu diferencial, e de outro, uma exploração mais radical da cultura da remixibilidade, encarando a questão autoral de maneira mais aberta na possibilidade de seus potenciais rearranjos e bricolagens, onde estes passam a ser, eles próprios, novos gestos criativos que promovem, consequentemente, novas técnicas e estéticas na tecnocultura audiovisual.
O dossiê conta ainda com textos de pesquisadores oriundos de universidades de diversas partes do país e faz um apanhado diverso de temas que orbitam a tecnocultura algorítmica, indo desde o uso pessoal do audiovisual, de um olhar para as imagens técnicas, tensionando memória e sonoridades nos games, passando pela arqueologia das mídias, a deep web e o Facebook, construindo um olhar crítico extremamente atualizado daquilo que não apenas circula pela matéria audiovisual do ambiente digital, como, principalmente, a maneira pela qual essas questões se organizam no ciberespaço.
Na segunda parte do dossiê, cuja publicação está prevista para dezembro deste ano, alguns temas abordados serão tecnocultura algorítmica, jogos digitais, algoritmos de engajamento, software, algoritmos e automação na visualização de dados, entre outros. Aguardemos.
Texto: Augusto Bozzetti
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