Escavações de uma archaeogamer

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No dia 2 de março de 2020 ocorreu a banca de defesa de mestrado da aluna Camila de Ávila. A dissertação, intitulada “A Incrustabilidade Durante em Jogos Digitais: Escavações de uma Archaeogamer”, trata o jogo, enquanto mídia, dotado de memória, como uma forma (de ser e agir) que pensa, produto e produtor de uma tecnocultura audiovisual. Ao pensar e agir, a sua memória é escavável ao arqueogamer – pois cada jogo antes de dizer algo sobre gênero, elementos visuais, jogabilidade, mecânica e demais características habitualmente lembradas – diz sobre si mesmo: cada jogo contém a potência de pensarmos em um estado-jogo.

A partir do processo de tensionamento entre teorias, aplicações metodológicas e do empírico, Camila procurou responder como a incrustabilidade, a partir de uma perspectiva da tecnocultura audiovisual, se atualiza e dá a ver, arqueologicamente, outros jogos nele incrustados por movimentos de tributo, auto-referência, nostalgia, afeto, déjà vu, recursividade, interface, entre outros, nos levando em direção à um estado-jogo. Agindo arqueologicamente no game Diablo, a pesquisadora desenvolveu movimentos de escavação e produção de mapas, objetivando “autenticar, mapear e compreender essa incrustabilidade”, dando a ver quatro camadas que emergiram para jogos dentro de jogos: tecnoestética, recursiva, tecnonostálgica e déjà vu.

A pesquisadora conclui a dissertação afirmando que “é importante entender que estamos em meio a uma cultura produtora de imagens técnicas e que estas não só se tornam mediações entre o homem e o mundo, mas carregam traços de diferentes devires. Aqui, sempre que aparentemente estivéssemos encontrando apenas um fóssil, estávamos vendo nele toda essa ambiência da tecnocultura audiovisual que emerge desses jogos, que merece ser debatida para o aprimoramento e avanço dos estudos de jogos em meio à comunicação”.

Para Camila, “o processo do mestrado trouxe, sem dúvidas, muito crescimento e amadurecimento enquanto pesquisadora e como pessoa. A experiência com a pesquisa foi enriquecedora especialmente pelo desenvolvimento metodológico que o trabalho convocou a partir da arqueologia das mídias e do archaeogaming, onde foram produzidos mapas carto-escavatórios do objeto empírico (Diablo) e os demais jogos que o afetavam de alguma maneira. Como toda pesquisa, o processo foi de artesania tanto metodológica quanto com embates teóricos um tanto profundos, que me desafiaram enquanto pesquisadora – aqui me refiro especialmente na proposição de pensar em um novo conceito para olharmos para os jogos, que é o estado-jogo. Espiando pelo retrovisor, acredito que de um modo geral a gente se coloca em dúvidas e desconstruções ao longo do percurso, se reinventando a todo instante: e são nesses embates que mais aprendemos. É nesse perambular por entre becos e ruelas, deixando se afetar, que aprendemos a olhar para nosso objeto, para nossa pesquisa e para si mesmo”.

Camila disponibilizou o acervo carto-escavatório  de todas as imagens da pesquisa, mapas e vídeos em seu site pessoal, podendo ser acessado em: http://camiladeavila.com.br/?page_id=168 

A pesquisa está integrada ao grupo de pesquisa TCAv (Audiovisualidades e Tecnocultura: comunicação, memória e design). A defesa ocorreu no dia 02 de março de 2020, no campus de São Leopoldo. A banca de avaliação foi composta por Dr. Emmanoel Martins Ferreira (UFF), Dr. João Ricardo de Bittencourt Menezes (UNISINOS) e Dr. Gustavo Daudt Fischer (Orientador).

A dissertação está disponível no repositório digital da biblioteca da UNISINOS: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/9110

Texto: Aline Corso

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