Imagens e imaginários do campo jurídico nas mídias

postado em: Atualizações, Bancas, Pesquisas | 0

No dia 19 de outubro de 2021, às 14h, ocorreu a banca de defesa doutorado da discente Alexsandrina Ramos de Carvalho Souza, com a tese intitulada “Imagens e imaginários do campo jurídico nas mídias”. A banca foi composta pelos seguintes professores: Profa. Dra. Eunice Maria Nazarethe Nonato (Univale), Prof. Dr. Michael Abrantes Kerr (UFPel), Profa. Dra. Cybeli Almeida Moraes (UNISINOS), Prof. Dr. Gustavo Daudt Fischer (UNISINOS) e Profa. Dra. Sonia Estela Montaño La Cruz (Orientadora), e foi realizada em formato online.

Alexsandrina é Mestre em Direito Público pela Universidade FUMEC, especialista em Direito Penal e Processual Penal pela Faculdade de Direito Vale do Rio Doce (Fadivale) e graduada em Direito pela Faculdade de Direito Teófilo Otoni-MG. Além disso, é professora de Direito Previdenciário e Direitos Humanos na Fadivale. 

A tese de Alexsandrina se concentra na observação de sites, filmes, séries, dentre outros produtos audiovisuais que abordam o campo jurídico. Dentre os conceitos centrais da pesquisa, Alexsandrina trouxe autores como: Vilém Flusser (1985) para discutir as imagens técnicas; Castoriadis (1995), Suzana Kilpp (2002) e Maffessoli (2001) para explanar acerca de imaginários; e, enfocando dentro do campo jurídico, os autores Bourdier (1989) e DeMatta (1987 e 1999). O objetivo central foi formulado da seguinte maneira: “Conhecer como e quais sentidos são dados ao campo jurídico nas interfaces de diversas mídias e identificar quais imaginários são convocados”. Já a metodologia da tese se concentrou no método da flânerie, a partir do qual a autora passeou entre algumas mídias a fim de construir “imagens médias” da representação do campo jurídico.

Dentre os objetos empíricos de análise, Alexsandrina trouxe cenas da novela O Outro Lado do Paraíso (exibida pela Rede Globo em 2017) e séries norte-americanas de grande audiência, como Suits (2011 – 2019). A pesquisadora ainda frisou que essas séries de grande sucesso, oriundas dos EUA, são agentes que contribuíram para a formação do imaginário do que é ser um advogado ou uma advogada.

Imagem formulada pela autora

Alexsandrina também destacou que grande parte do imaginário acerca de advogados, juízes, promotores e demais figuras do meio jurídico circunda a formalidade e o poder. A construção imagética desses sentidos de seriedade e autoridade – nos materiais audiovisuais analisados por ela – é expressa, dentre outras maneiras, a partir do posicionamento de personagens relacionados ao direito e à justiça em localizações centrais na tela, conforme os exemplos nas imagens acima.

Apesar disso, Alexsandrina também expôs como a imagem “formal” de advogados e juízes foi se transformando ao longo da pandemia do Covid-19, contrastando-se com o imaginário construído. Para ilustrar, a discente trouxe imagens de audiências presididas, que ocorreram em formato online através de videoconferência, nas quais podemos ver o espaço privado (como o exemplo abaixo em que o juiz está na audiência deitado em uma rede e com pinturas de sua filha ao fundo) de membros jurídicos, bem como suas vestimentas mais despojadas.

Imagem formulada pela autora

Dentre os apontamentos da banca, a Profa. Dra. Eunice Maria Nazarethe Nonato indicou à Alexsandrina a complementação de seu referencial teórico no que concerne temáticas ligadas ao  Direito, enquanto os apontamentos da Profa. Dra. Cybeli Almeida Moraes se deram com mais enfoque na inclusão de outros produtos audiovisuais de entretenimento (como séries e filmes) de origem brasileira e que não sejam, necessariamente, de grande audiência, de forma que a pesquisadora possa aprofundar a criação desses imaginários do campo jurídico dentro de sua tese. 

Texto: Andressa Machado
Revisão: Amerian Aurich

Deixe um comentário