A pesquisadora Cybeli Almeida Moraes é a mais nova convidada para integrar a série de matérias sobre os egressos do TCAv. Suas formações acadêmicas foram todas realizadas na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), com graduação em Jornalismo (2004), mestrado em Ciências da Comunicação (2007) e doutorado em Ciências da Comunicação (2012).
Sobre a pesquisa
A tese, desenvolvida junto ao TCAv e intitulada “A pausa audiovisual”, contou com orientação da professora Dra. Suzana Kilpp, fundadora do grupo. “Na tese, abordei a construção do fenômeno que dá nome à pesquisa, partindo das minhas percepções sobre um conjunto de materiais coletados na internet, entre chamadas de TV, cinema, vídeo, foto e gif. Todos com algo em comum: uma espécie de parada que chamei de pausa AV”, explica.
O fenômeno foi observado na materialização dos ralentis (ou câmera lenta), das inscrições fotográficas (quando uma imagem é enunciada como fotografia, seja pelo frame fixado ou por um flash que pisca, por exemplo) e pelos fragmentos longos, mais conhecidos como planos sequência. A pausa AV também oferece uma porção virtual, que seria a espera, aquela que agencia uma expectativa ou uma antecipação para responder aos desejos e às crenças do homem atual diante de seu mundo veloz e sua existência finita e incerta.
“A fluidez e dinamicidade do nosso tempo, o aumento da capacidade de memória das nossas máquinas – e o consequente direito ao esquecimento –, refletem-se no audiovisual por meio da pausa, um fenômeno crescente”, avalia Cybeli. Neste sentido, compara-se os 15 milhões de resultados obtidos no Google, em 2012, com os recentes 107 milhões, utilizando as mesmas chaves de busca.
Envolvimentos e rupturas
O processo de escrita da tese foi, segundo Cybeli, transformador em todos os níveis: pessoal, profissional, individual e coletivo. O resultado fechou um ciclo de inquietações e abriu um portal para uma série de outras possibilidades de pensamento mais maduras. A pesquisa originou a publicação de artigos em congressos, como os da Compós e da Intercom, e também acarretou no aceite para a edição do livro da tese.
A experiência no TCAv foi fundamental para o desenvolvimento da pesquisa de Cybeli. Inclusive, ela lembra de uma orientação com a professora Suzana, na qual recebeu a indicação de realizar um “mergulho no lixo”, a fim de encontrar materiais de referência. “Isso significava que eu deveria escavar os excessos, os restos, os fragmentos dispostos em ambientes nos quais eu não costumava transitar”, conta. Essa dica contribuiu na abertura de um novo caminho de atenção à vida, e também de reconhecimento dos processos científicos.
Em sua opinião, integrar o TCAv é ser constantemente provocado, retirado do lugar, sendo desafiado a questionar as próprias afetações. “Creio que este movimento dinâmico é o que nos faz permanecer em formação contínua, tanto pessoal, quanto profissionalmente”, revela.
No mercado de trabalho e na docência
O destaque na formação acadêmica levou Cybeli a ser professora da Unisinos, onde atua nos cursos da Escola da Indústria Criativa desde 2010. Também integra o Conselho Universitário e a Câmara de Graduação da Universidade, além de coordenar a Agência Experimental de Comunicação (Agexcom), que completa duas décadas de atividade em 2022.
Enquanto jornalista, possui atuação no mercado de assessoria de imprensa e consultoria de comunicação para projetos culturais. “Posso afirmar que as descobertas e todo o processo da pesquisa me acompanham diariamente como assessora de comunicação, como professora e como gestora na universidade”, resume.
Texto: Max Cirne
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