Integrando a série de matérias sobre os egressos do TCAv, com objetivo de criar uma memória dos membros e das respectivas pesquisas que fizeram parte da trajetória do grupo, a convidada desta semana é Madylene Costa Barata.
Mestra pela linha de pesquisa Mídias e Processos Audiovisuais do PPG em Ciências da Comunicação, Madylene foi bolsista CNPq e orientada pelo professor Dr. Gustavo Fischer. Formada em Comunicação Social – Jornalismo, pela Universidade Federal do Pará, veio do norte do Brasil para fazer o seu mestrado na Unisinos em 2018. “Só consegui fazer essa grande mudança, realizar esse objetivo, porque consegui uma bolsa integral”, comenta.
Mesmo com a sua formação em jornalismo, Madylene nos conta que acabou enveredando pelo audiovisual, seguindo principalmente para a produção de documentário, contando histórias de educação, tecnologia e cultura na Amazônia. São partes de sua trajetória (e suas travessias) que acabam sendo refletidas em sua pesquisa.
“Eu escolhi então a linha de pesquisa Mídias e Processos Audiovisuais do PPGCC, da Unisinos, não só porque era a área que eu gostaria de continuar aprendendo e o que eu gostaria de futuramente ensinar, mas porque eu admirava de longe as produções desenvolvidas pelos professores e pesquisadores da linha”, relata Madylene.
Sobre a Dissertação
Conversamos sobre a sua pesquisa desenvolvida ao longo do mestrado, intitulada Narratividade softwarizada: travessias no Eu sou Amazônia, do Google Earth. Madylene comenta que poderia nos contar rapidamente como chegou nesse tema, nesse objeto, no virtual e atual, mas faz um convite aos leitores, para acessarem sua dissertação e entenderem esse processo que lhe trouxe mais que um título.
Entretanto, ela nos apresenta resumidamente o que o seu orientador Gustavo Fischer e ela desenvolveram com essa pesquisa:
“Com a pergunta: como a narratividade softwarizada atualiza o Eu sou Amazônia, do Google Earth? Nós buscamos refletir como um modo de narratividade como o do projeto Eu sou Amazônia, nascida no software Google Earth, com mecanismos e lógicas da tecnocultura audiovisual, fazia durar a memória de uma Amazônia audiovisualizada e uma falsa opacidade de um software como o Google.”
Para a sua realização, Madylene aponta a criação de um percurso metodológico que além de tensionamentos teóricos, se baseava em um laboratório de travessias, o qual lhe permitia adentrar no objeto e dissecar diferentes camadas do software.
Travessia da Pesquisadora
Pensando sobre suas próprias travessias e percursos, Madylene relata que o grupo TCAv, ou melhor, as pessoas que faziam e fazem o grupo, foram essenciais em todo o processo. “Refletindo outro dia, eu percebi que a minha dissertação é uma tessitura que carrega um pouco de cada pessoa e discussão que experienciei no TCAv”, comenta.
“E na verdade, mais do que uma oportunidade de discussão e trocas, o TCAv marcou o meu processo como uma oportunidade de compreender a estrutura que consolida e mantém o grupo de pesquisa. Ou seja, a minha passagem pelo TCAv me fez traçar um caminho de aprendizagem de questões burocráticas a questões profundamente teóricas. E acredito que a nossa trajetória como pesquisadora (pesquisador) deve envolver ambos os domínios.”
O impacto social da pesquisa
Cada vez mais temos presente o exercício de refletirmos sobre o impacto que nossas pesquisas irão proporcionar, seja na sociedade de um modo geral ou em um determinado contexto. É um questionamento que atravessa as reflexões de quem faz pesquisa, em como alcançar pessoas que não pertencem ao meio acadêmico e fazer circular o conhecimento – incluindo aqui questões acerca da popularização da ciência.
Madylene relembra que muitas vezes em conversas com os colegas de linha e de grupo, “quando víamos a nossa área sendo posta à prova, nos perguntávamos sobre qual o lugar das nossas pesquisas (teorias, objetos, metodologias) em um contexto social e políticoâ€, aponta. A resposta para essas questões aparecia subitamente para Madylene, enquanto ia desenvolvendo a sua dissertação ou mesmo em trocas nas salas de aula, em reuniões, ou no estágio docência.
“No geral, trabalhamos refletindo as imagens do mundo (que podem ser visuais e sonoras). E se formos olhar ao redor, hoje, diferentes gerações se comunicam, comercializam produtos, se mantêm, se elegem manipulando, criando e repassando diferentes e poderosas imagens”, aponta. Olhando para a linha de Mídias e Processos Audiovisuais, Madylene ressalta sobre o que atravessam as discussões praticadas no grupo: “é uma forma de refletir de onde viemos, onde estamos e para onde vamos em uma realidade em que uma tecnocultura audiovisual está em constante devir”.
Desse modo, dentre outras questões trabalhadas, para Madylene a sua pesquisa “conseguiu refletir, por exemplo, que havia uma memória audiovisual de Amazônia construída para um estrangeiro, repetindo uma ideia visual de Amazônia historicamente explorada, mas que era alheia à multiplicidade cultural, gastronômica e de pessoas que a região representa”. Além disso, a pesquisadora aponta para a discussão de uma sociedade softwarizada: “tensionamos a potência (até política) de um software como o Google que está sempre presente, mesmo utilizando de mecanismos para se tornar opaco ou invisível”, comenta.
Observando um horizonte próximo
Pensando sobre o seu lugar hoje, pós mestrado, Madylene nos conta que no momento trabalha na área de comunicação, abrangendo um pouco de audiovisual e marketing de conteúdo. Ainda assim, pretende seguir suas travessias com a pesquisa:
“Estou tentando voltar aos poucos para a minha pesquisa, buscando produzir artigos a partir da dissertação e me inserir em eventos na área. Pretendo fazer doutorando em Ciências da Comunicação, tendendo, com certeza, para as audiovisualidades. Isto é, pretendo continuar o trajeto na pesquisa e nos estudos das imagens que comecei e que tanto me fascina.”
Para saber um pouco mais sobre a pesquisa da Madylene e a trajetória do desenvolvimento de sua pesquisa, confira a matéria que produzimos sobre a defesa de sua Dissertação, ocorrida em março de 2020.
Texto: Camila de Ávila.
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