•Os textos que compõem esta seção constituem uma investigação dos procedimentos técnico-metodológicos utilizados nas pesquisas de mestrado e de doutorado de integrantes e de egressos do Grupo TCAv.
Título do trabalho: O silêncio retratado em imagens fílmicas
Nível: Doutorado
Autora: Magda Rosí Ruschel
Ano de defesa: 2017
Orientadora: Suzana Kilpp
Tags: tecnocultura; desenho de som; retratos do silêncio; imagens fílmicas
Link da Tese: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/6810
Magda Rosí Ruschel é Doutora e mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Atualmente, Magda é professora da UNISINOS com experiência na área de Comunicação Sonora. Atua principalmente em produção audiovisual com ênfase no desenho do som, interfaces sonoras, comunicação e psicologia e comportamento do consumidor.
Em sua tese, Magda problematiza o construto do silêncio em imagens fílmicas a partir da técnica e da estética envolvidas no processo de produção de imagens audiovisuais e as sonoridades do silêncio.
Considerando a cartografia como processo metodológico durante todo o processo da pesquisa (Benjamin, 2006) Magda flanou por diversos filmes de diferentes épocas observando efeitos do silêncio em perspectiva técnica e estética, encontrando retratos do silêncio emblemáticos nos filmes The Fall (2006), de Tarsen Singh, O silêncio (1963), de Ingmar Bergman, Gravidade (2013), de Alfonso Cuarón, e Aningaaq (2013), de Jonas Cuarón.
Partindo da premissa de que o som em uma imagem precisa ser tratado ou “retratado”, problematizou principalmente os procedimentos técnicos envolvidos no processo. Assim, a partir de uma pré-análise dos filmes citados, segundo o procedimento cartográfico, autenticou quatro tipos de Retratos do Silêncio: Expressões de silêncio, Salões de Silêncio, Códigos do silêncio e Espessuras do Silêncio. Estes, percebidos em todos os filmes, dão a ver o estágio da técnica e os imaginários da tecnocultura dos quais os filmes participam ou participaram.
Dando continuidade às suas cartografias e indo além das primeiras impressões sobre o empírico, ainda segundo os processos cartográficos e da metodologia das molduras de Suzana Kilpp (2003, 2010), definiu o corpus da pesquisa a partir dos filmes O silêncio (1963), de Ingmar Bergman, Gravidade (2013), de Alfonso Cuarón, e Aningaaq (2013), de Jonas Cuarón.
O destaque da tecnometodologia de sua pesquisa pode ser dado ao trabalho com a produção dos infonográficos da sonoridade do silêncio. Estas inscrições infonográficas podem ser entendidas como o som estendido: uma imagem gráfica do som que permite perceber no espaço o som que, de fato, só existe no tempo. Assim, tomando como base os recursos do áudio sendo processados em interfaces gráficas, desenhou protocolos-infonográficos como uma maneira de decifrar os construtos sonoros, propondo apresentar as sonoridades que reverberam entre camadas, ou seja, apreender o som em sua matéria. Para Magda (2017), “a ideia seria praticar a complexidade imagética passando e trabalhando nos infonográficos o ritmado por intermédio de imagens médias, imagens compostas em quadros sonoros”.
Partindo disso, na linha temporal de cada camada de áudio dissecou a trilha sonora dos filmes, denominando-os de envelopes sonoros. Na extremidade dos intervalos desses envelopes, nos pontos de cortes da trilha sonora, extraiu o que ela chamou de blocos sonoros. Já nos pontos onde se via a imagem a ser analisada, onde havia a formação e informação por imagens eletrônicas das propriedades do som justificadas visualmente pelos níveis de altura, duração, volume e timbre, ela denominou de deltas sonoros.
Foi nesse movimento que percebeu as constelações de dados gráficos que apresentavam de modo característico como a intensidade do som evoluía ritmicamente desencadeando efeitos de silêncio perceptível na experiência fílmica. Dentre as escutas no laboratório de áudio e o trabalho nas ilhas de edição, observou o sinal intermitente em fluxo imobilizando a exibição para promover traços, riscos e arranhões na tela do computador. Com o objetivo de decompor o ritmo do tempo, viu nessas imagens os recuos, encolhimentos e o próprio timecode que apresentava a velocidade das imagens.
A partir das observações dos blocos sonoros, conseguiu olhar para a imagem sonora e compreender “a experiência com resíduos de silêncio em som e ruído, em alternância do dentro e fora dos sentidos, e o modo como os elementos sonoros são pensados para configurarem diferentes dinâmicas em um jogo de espera sobre o desenrolar da narrativa fílmica” (Magda, 2017, 97).
Ouvir as coisas ao seu redor fez com que Magda percebesse a presença de som nas imagens fílmicas, mesmo quando parecia, aos ouvidos, que não havia som: é quando o som se move que o silêncio se mostra. A tecnometodologia que Magda propõe em sua tese nos faz refletir sobre as potências das experimentações laboratoriais. A partir da observação dos espectros possíveis de serem vistos pelo software Pro Tools, ao extrair as imagens do som, Magda propôs, então, os seus Retratos do Silêncio.
Link da Tese: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/6810
Texto: Flóra Simon da Silva
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