Por onde andam os egressos do TCAv? Milton Roberto da Silva Braga Martins

Para dar continuidade à série de matérias sobre os egressos do TCAv, cujo objetivo é criar uma memória dos membros e as respectivas pesquisas que fizeram parte da trajetória do grupo, o convidado dessa semana é Milton Roberto da Silva Braga Martins.

Milton é mestre em Comunicação pelo Programa de Pós Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos na linha de Mídias e Processos Audiovisuais, entre 2014 a 2016, orientado pela professora Dra. Suzana Kilpp. Atualmente é pesquisador e realizador audiovisual, sócio fundador da produtora Chica’s.

Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Maranhão, veio para o Rio Grande do Sul cursar especialização em Cinema. Desde então passou a ter cada vez mais proximidade com o audiovisual, sendo como operador de câmera ou produtor executivo na UCSTV, depois em Porto Alegre, na Fundação Cultural Piratini – na época idealizador e responsável pelo programa Singulares, documentários de curta duração sobre pessoas do cotidiano gaúcho. “Durante este período, antes de ingressar no Mestrado, realizei alguns filmes, sempre tentando alinhar o estudo com a prática. Com o término da especialização na Universidade de Caxias do Sul, almejava prosseguir com o estudo, tendo como foco o audiovisual”. Em 2014 ingressou no Mestrado em Ciências da Comunicação na Unisinos.


Do projeto à dissertação

Sua proposta inicial de pesquisa era compreender o Roteiro Cinematográfico, a partir do tensionamento da Jornada do Herói de Campbell. Mas, assim como acontece com nossas pesquisas, a partir das aulas, das discussões com os colegas sobre conceitos propostos por autores da linha e os encontros com o grupo de pesquisa do TCAv, algumas perspectivas como a memória, a imagem e a tecnocultura ficaram mais claros, e por isso o projeto acabou tomando outros caminhos – “esse processo não foi simples, mas me propus a experimentar e, como um flaneur, conforme Benjamin, me perder. Tentei buscar vagar pelo que sentia e observava. Passei vários meses tateando o que eu buscava no audiovisual, o que este me insinuava”. Durante esta caminhada, percebeu que ainda tinha interesse em estudar o cinema.

Milton lembra sobre o processo de busca pelo objeto de pesquisa,  “auxiliado pela minha orientadora, Suzana Kilpp, a quem tenho profunda gratidão e carinho, uma mestra, mesmo, vale destacar, que teve paciência para me sondar, me guiar nos momentos que me perdia demasiadamente, acabei chegando ao objetivo em estudar a imagem fílmica em sua capacidade em insinuar efeitos de presença e ausência, a partir de seus processos técnicos”. Essa descoberta, segundo Milton, foi proporcionada pela proposta da linha de pesquisa, “a qual tinha afinidade pelos conceitos teóricos trabalhados”. A pesquisa resultou na dissertação intitulada “Insinuações de presença e ausência em imagens fílmicas”, defendida em 2016.


A visão do pesquisador

Tentando alinhar trabalho e estudo, para Milton o mestrado foi uma experiência de muito aprendizado que até hoje age sobre ele. Em alguns momentos encontra os conceitos trabalhados em sala de aula fazendo sentido “até mesmo no tensionamento dos conceitos dentro da minha própria pesquisa e, que, percebendo hoje, desdobrariam em direções que me parecem ser instigantes e que a afetaria”, comenta. Para o egresso, o mestrado foi e continua sendo um divisor em sua vida, acadêmica e pessoal, “e que continua a trabalhar em mim e no que observo no audiovisual, bem como na vida”.

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O ingresso no grupo de estudos do TCAv acabou sendo uma experiência desafiante, mas que considera de suma importância, pois é um espaço para descobertas, afeto e apoio – para além de um grupo cujo espaço seja apenas para discussão e estudos dos conceitos ofertados pela linha. “Ao recordar o caminho feito na pesquisa, percebo que o TCAv, para mim, também tem esse aspecto que colabora na construção da pesquisa, pois extrapola o ambiente formal de sala de aula e se estende a outros ambientes e elementos sensitivos, que foi importante para que eu desvendasse essas partes ocultas do meu interesse de pesquisa”.


O impacto social da pesquisa

Em relação ao que o processo de mestrado trouxe à Milton, destaca-se um novo olhar sobre o audiovisual e sobre a sociedade. “Em mim, o mestrado teve esse aspecto de formação, entendimento e construção de um pensamento, de uma ideia, de tensionar e provocar elaborações conceituais, seja escrita, falada ou filmada e que colabora na construção de projetos de produtos audiovisuais. Na identificação das bases e progressões conceituais de um texto. No diálogo provocativo que pode ser realizado com o autor”. Para ele, uma descoberta “sensitiva da pesquisa”, pois “a construção da pesquisa, do entendimento, da compreensão, da escrita é realizada também pelo sentir, pelo descobrir o que nos toca”.

Hoje, como roteirista, diretor, fotógrafo e montador de audiovisual aponta que outros caminhos poderiam dar a ver a partir da sua pesquisa, pois ainda identifica alguns aspectos nela que hoje ainda o instigam a compreender: “os processos técnicos da produção e realização da imagem de construção de presença, do vazio, de mundos e atmosferas, que, no mestrado, foram muito mais obscuros e que, hoje, acendem outras possibilidades”.

Milton reflete sobre a continuidade na vida acadêmica visando um possível doutorado a partir de todo o conhecimento obtido no mestrado e do seu crescimento enquanto pesquisador. Sobre isso, busca os entornos da filosofia da imagem e da fenomenologia, “ideias que me questiono e que vou anotando, tensionado, desdobrando e que podem desembocar no passo seguinte, o doutorado. Um processo de descoberta que aprendi durante a realização da minha dissertação. Vamos, ver”.


Texto: Milton Roberto da Silva Braga Martins e Flóra Simon da Silva

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